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palpável silêncio...

emoções dentro de mim dão conta da minha conduta, um dia me sinto demasiado nova, outro demasiado velha, e lá se vai meu equilíbrio minha harmonia, aqui delinearei parte de mim passado sem pretensão e escreverei estados de espírito no presente...

palpável silêncio...

emoções dentro de mim dão conta da minha conduta, um dia me sinto demasiado nova, outro demasiado velha, e lá se vai meu equilíbrio minha harmonia, aqui delinearei parte de mim passado sem pretensão e escreverei estados de espírito no presente...

sargaços nos olhos...

partiu, não a pôde amarrar, mirou-me, mirou-me e disse-me que a sorte havia de virar, levou-me a vida para longe com o silêncio envolvendo-me os sentidos, prometendo-me o mundo, quando ainda era uma menina de vestido branco de palmo e meio, com sargaços nos olhos e baloiços no pensamento, pássaro insaciado de brincadeira de asas finas e inquietas e, faltando-lhe tudo o demais, o aconchego do colo da mãe, a manta dos quadradinhos, os pássaros na janela, e os lírios deixados em tristeza...tudo me escapou na pressa desse dia, tudo rompeu num choro, até a folhagem da mimoseira desatou em lágrimas, dentro de mim um rumor de sino continuava a bater com medo de parar....

 

natalianuno

tão quase tudo...

tão quase tudo... a verdade é a poeira sem assentar a fazer-se ninho nos meus olhos e o meu universo toldado, vem até mim um pássaro que ri, inventa e chora, e em cumplicidade sentamo-nos no alpendre conversamos sobre flores, falamos de primaveras e de vôos de outono, de chegadas e despedidas, olhamos os riozinhos de sol que correm no meu rosto onde as rosas já não crescem, um pavão de asas abertas me confronta o coração...há muito que não me faço perguntas, repouso das interrogações da vida, das esperanças defraldadas, das borboletas cegas que sobre os sonhos voejam, repouso da saudade de granito, e assim vou dizendo adeus sem me doer...

 

natalianuno

criança...

Já vem chegando a lua misteriosa,

hoje voltou a ser jovem e me olha extraviando minha memória,

para que me sinta próxima da criança que há em mim...

 

natalianuno

a paz...

pela friura da vidraça olho vagamente o céu de azul, leve... bordado a branco, como quem desperta dum sonho, é manhã, entre a realidade e a memória consumida ouço o palpitar do mundo nas papoilas que gritam feridas pelos ventos agressivos, pressinto no vai vem dos pássaros que flutuam na minha retina a querer ocultar-se , que o instante não é uma dávida de amor, e o mundo fica trémulo num vôo retido...à espera que passe a hostilidade entre os homens, enquanto os meus dedos febris procuram a pomba branca e um raminho de oliveira repetindo palavras na solidão da hora...

 

natalianuno

aridez...

talvez me mortifique no vazio da espera, o sol hoje trouxe emoção a pequenas coisas, tocou o meu coração e eu toquei o horizonte azul dos sonhos, aos olhos voltaram pássaros de ternura, na mente o sussurro enfeitiçado da felicidade e nas mãos molhos de trevos avermelhados colhidos na aridez da alma onde brota sempre uma esperança...

 

natalainuno

dar frutos...

peguei uma flor de acácia

coloquei-a no cabelo era ainda primavera

em mim

a árvore estava florida, e eu à espera

de dar frutos,

o eco dum choro abafado... e eu era mãe,

e a pergunta no ar....menino ou menina?

mistério desvendado... poema acabado!

 

natálianuno

estou vazia...

observo os últimos raios de luz, estou vazia...a noite como um lago tranquilo, tremem as estrelas, a lua recita versos de qualquer saudade e a brisa da infância que sempre me espera adoça o vazio que há em mim, não sei se vou acordar, escolho ficar no sonho numa fantasia que me incendeia, deixo-me ir nesta utopia que me protege da sentença dos anos, calada a minha pena nos olhos se apaga, evoco memórias, mato a sede, perco-me no sonho como uma nau se perde na bruma, desço a noite imensa e deixo para trás os meus fantasmas interiores, sinto a outra que também sou e a tristeza por tê-la abandonado...

 

natalianuno

fulgor...

e depois cada vez mais depressa a vida a despedir-se, e tudo se distancia,

fica o sonho escondido e guardado para sempre atrás da porta num quarto
onde se viveu com um fulgor mais belo que a própria vida ...quem sabe pela primeira vez o amor...

 

natalianuno

entre chuva e o sol...

brindo à vida tocada por um raio de sol que repentinamente apareceu nesta tarde de inverno,

esquecendo o frio nebuloso da manhã cinzenta, entre a chuva e o sol escrevi mais umas palavras que me levam sempre aos mistérios do sonho...

 

natalianuno

nevoeiro...

o passado dorme enquanto o futuro murmura e o presente vive e chora por dentro, e eu me exilo e vou-me apagando a mim mesmo, desvaneço nas palavras que convoco e os pensamentos abrem-se ao vazio, aceitando o inevitável...como a areia que o mar engole, assim o tempo amargo faz nascer em mim a desmemória, conspira em segredo e é como uma sombra que me persegue, deixando-me sem flores nos olhos e sem o sorriso nos lábios onde as sílabas íam nascendo, agora andam gaivotas embrumadas em delírio sobre o meu corpo numa liberdade de espuma...

 

natalia nuno

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